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    sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

    Mercadinho da treta














    Desde pequeno sempre fui um negociador. Na rua onde morava quando pequeno, funcionava um mercado informal, uma espécie de mercado de escambo, onde todos trocavam os mais variados ítens entre si. Detalhe: Participavam apenas crianças, sempre escondidas de seus pais.


    Não raro, aparecia uma mãe na porta da casa de alguém pedindo de volta as botas ortopédicas que seu filho havia dado em troca de um cavaleiro do zodíaco, ou o abajur trocado por uma mesa de futebol de botão. Era o troca-troca no real sentido da palavra. Não entenda mal, não cheguei a trocar o sexo.


    E foi assim que me criei, sempre negociando. Mas entre os negociantes mirins, havia uma figura com quem todos queriam negociar: O Pitoco. Era sem dúvida alguma o pior negociante de todo o bairro, para não dizer da cidade. Hoje deve estar comprando ações do Mappim. Os outros garotos faziam fila no portão da casa dele pra ver o que conseguiam estorquir do coitado. Me lembro de uma vez que consegui trocar 2 tartarugas (sim, tartarugas) por uma coleção de quadrinhos que valia uma nota.


    Era muito engraçado acompanhar a trajetória das coisas. Um boné que era seu há 2 anos estava na cabeça de um cara que você mal conhecia, e depois de alguns meses, estava na sua cabeça denovo. As coisas iam e vinham, e nós tinhamos um mundo de negócios só nosso, negócios que só podiam ser desfeitos a mando dos pais de uma das partes. Essa história de querer negociar tudo já me fez entrar pelo cano, clique AQUI e veja.


    Curioso pensar que pessoas de 12, 14 anos já tinham noções avançadas do que era lucro e prejuízo, e adotavam técnicas aperfeiçoadas para se dar bem no trambique.


    Era a arte da mutreta, o poder da esperteza sobre a inteligência.


    Colaboração do @caldaratty com a iustração.