O que estou fazendo?

    follow me on Twitter

    sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

    O Carnaval, por um não carnavalesco.

    Passei o carnaval em Recife, famosa por suas folias e praias, e em um dos dias fui conferir de perto o carnaval de Olinda. Confesso que não sou um cara de carnavais, mas fui por curiosidade. Se quisesse ficar em um aglomerado de gente vestindo roupas estranhas subindo e descendo ladeiras, teria ficado em São Paulo e iria pra 25 de março, mas lá estava eu.


    É curioso ver como as pessoas se entregam à folia, parece um fenômeno paranormal que toma conta de todos. Tudo é permitido. Um respeitado pai de família pode tranquilamente sair na rua usando fraldas e chupando uma chupeta, e não há nada demais nisso. Não há sono, não há cansaço e nem fadiga. Mas há empenho, suor e paixão envolvidos em tudo. Impressiona ver o que o povo pode fazer quando se une por um objetivo. Não estou falando de bonecos gigantes descendo a ladeira, mas sim de um evento capaz de chamar a atenção de um país inteiro.


    Era possível identificar turistas gringos e gente de toda parte do país ali, um misto de sotaques, tons de pele e costumes, e a ordem era festejar. Mas o que mais choca é a prioridade dada a isso tudo. O Brasil é o país da desigualdade, todos sabem, e não há motivo para eu me alongar nesse ponto, mas se houvesse esse mesmo empenho para mudar a sua situação de miséria e passividade, as coisas poderiam ser diferentes.


    Gente que impulsiona o maior evento do país, empurra carros alegóricos e esfola as mãos confeccionando fantasias é capaz de muito mais. A paixão está na direção errada, e o velho "Pão e Circo'' é dado ao povo pelo próprio povo para se iludir e não olhar para as necessidades reais de mudança e esforço.

    Não vim aqui dizer que o povo não deve festejar e ser feliz. Se mostrar a bunda na avenida é, irrevogávelmente, a nossa cultura, que assim seja.


    Mas se um dia percebêssemos o potencial que temos quando nos unimos, muita gente que está lá em cima comendo caviar iria sujar as calças de medo.

    Sou só mais um falando o que muitos já falaram, e minhas palavras facilmente são abafadas pelos tamborins e repiques, mas prefiro mostrar a minha opinião, ainda que "clichê" e careta.


    O carnaval é como uma Fênix, sempre acaba em cinzas mas logo retorna cheio de plumas novas, e enquanto eu falo besteira, já tem gente preocupada nos barracões das escolas de samba, cuidando pra que isso aconteça.